Sonegação de bandas pode ser de R$ 500 mi, diz PF; Aviões do Forró é investigado
Publicada em: 19/10/2016 01:03 - Música
Polícia
e Receita deflagraram operação 'For All' na manhã desta terça.
Fisco detectou disparidade ao cruzar cachês, nº de shows e valor declarado.
As fraudes no
Imposto de Renda investigadas pela Polícia Federal (PF) e a Receita em um dos
maiores grupos empresariais de forró do país podem
chegar a R$ 500 milhões, segundo divulgou a PF em coletiva nesta terça-feira
(18). Pelo menos quatro bandas administradas pela A3 Entretenimento são
investigadas, entre elas a Aviões do Forró.
O grupo alvo da operação "For All",
deflagrada nesta manhã, é responsável por famosas bandas de forró e casas de
show no Ceará. Segundo a PF, as bandas declaravam apenas 20% do que ganhavam.
Aviões do Forró
Os vocalistas Xand e Solange Almeida foram ouvidos na sede da PF, em Fortaleza.
Segundo a polícia, eles não foram indiciados formalmente, apenas prestaram
esclarecimentos. Os empresários Isaías Duarte e Carlos Aristides, do grupo A3
Entretenimento, também foram levados para prestar informações na PF. A
reportagem entrou em contato com a A3, mas recebeu a informação de que a
empresa não iria comentar o assunto.
A reportagem, por e-mail, a banda Aviões do Forró
informou "que está à disposição da Polícia Federal e da Justiça e que
colaborará com todos os questionamentos em relação à operação".
A banda Aviões do Forró informou que a agenda de
shows do grupo segue inalterada. Solange Almeixa e Xand viajam nesta
terça-feira para fazer um show na cidade de Floriano (PI). Na quarta-feira (19)
a banda retorna ao Ceará, onde faz show no município de Lavras da
Mangabeira, a cerca de 340 km de Fortaleza.
O esquema
A delegada PF Doralucia Oliveira explicou que "causou estranheza"
quando foram analisados os valores médios dos cachês das bandas, a quantidade
de shows realizados e divulgados em agenda pela internet, e os valores
declarados ao Imposto de Renda.As investigações são relativas aos anos de 2012
e 2014. "Os contratos eram feitos com 20% do valor efetivo, e o resto
circulava por fora com valor em espécie", informou a delegada. Somente com
relação às bandas, a sonegação seria em torno de R$ 121 milhões. Os alvos são
investigados por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, associação
criminosa e crime contra a ordem tributária.
Foram cumpridos 32 mandados de condução coercitiva
(quando a pessoa é levada a depor e depois é liberada), sendo 26 de pessoas
jurídicas e 6 de pessoas físicas. A PF apreendeu 163 bens imóveis, além de 38
veículos de pessoa física e 37 de pessoas jurídicas.
A Polícia Federal disse ainda que vai abrir "ampla fiscalização em pessoas
físicas e jurídicas para, a partir daí, materializar os valores que compõem a
sonegação". Há apenas um mandado sendo cumprido na Paraíba; os demais são
no Ceará.
A operação
Segundo a PF, o nome da operação faz referência à expressão da língua inglesa
"For All", que significa "para todos" em português. Há
notícias de que no início do século XX, engenheiros britânicos instalados em
Pernambuco para construir uma ferrovia promoviam bailes abertos ao público,
"para todos". O termo passou a ser pronunciado "forró".
"O nome da operação veio dessa origem popular da palavra forró, principal
ramo de atividade do grupo investigado", diz a polícia.
Cerca de 260 policiais federais e 35 auditores participam da operação em
Fortaleza, Russas e Sousa (PB). Segundo a delegada da PF, uma das pessoas
investigadas na operação teria
Bloqueio de
bens
A Justiça Federal decretou o bloqueio de imóveis e a apreensão de veículos
pertencentes a pessoas ligadas ao grupo.
Há indícios de que os integrantes da organização
forneciam dados falsos ou omitiam informações nas suas declarações de Imposto
de Renda pessoa física e jurídica, para eximir-se da cobrança de tributos.
Segundo a PF, o grupo ainda adquiria bens, como veículos e imóveis, sem
declarar ao Fisco. Foram encontradas divergências sobre valores pagos a título
de distribuição de lucros e dividendos, movimentações bancárias incompatíveis
com os rendimentos declarados, pagamentos elevados em espécie, além das
diversas variações patrimoniais a descoberto.
No decorrer da investigação, foram identificados
indícios de lavagem de capitais, falsidade ideológica e associação criminosa.
"As medidas judiciais cumpridas hoje pela
Polícia Federal têm por finalidade buscar a responsabilização das pessoas
físicas e jurídicas ligadas ao grupo empresarial e possibilitar que Receita
Federal se municie de elementos suficientes permitindo uma real avaliação dos
possíveis tributos sonegados", informou a PF.
A Receita Federal divulgou que as
investigações iniciaram em 2012 e foram aprofundadas a partir de 2014, com
parceria da Polícia Federal e do Ministério Público.
Fonte: G1/CE
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